A partir de 2024, crianças do primeiro ao sexto ano em escolas públicas da Califórnia estão reintegrando a prática da escrita cursiva, que foi removida do currículo em 2010. Essa mudança reflete uma tendência em mais de 20 Estados americanos, onde a escrita à mão, em estilo itálico, está retornando gradualmente.
A decisão californiana reacende debates sobre a relevância da escrita manual, seus benefícios cerebrais e as implicações globais caso seja negligenciada. Estudos indicam que a escrita à mão ativa áreas cerebrais cruciais para o desenvolvimento da leitura, diferenciando-se da digitação em teclado.
Pesquisas, como a de Virginia Berninger da Universidade de Washington, destacam que a escrita cursiva, impressa e digitação envolvem funções cerebrais distintas. Embora o ensino da cursiva esteja retornando em alguns Estados americanos, a falta de padronização apresenta desafios aos professores.
A iniciativa californiana é vista como benéfica em um cenário pós-pandemia, onde se busca reduzir a dependência de telas entre as crianças. A Europa Ocidental, incluindo Reino Unido, Espanha, Itália, Portugal e França, continua a ensinar amplamente a escrita cursiva. Diferentemente, a Finlândia eliminou essa exigência em 2016, enquanto o Canadá reintroduziu em 2023, tornando-se um laboratório para entender as melhores práticas.
Apesar das divergências globais, pesquisas destacam que aprender a cursiva não tem desvantagens. Educadores temem que o abandono dessa prática possa prejudicar o desempenho dos alunos na leitura, e o ato de escrever à mão é reconhecido por auxiliar a memória e aprendizado de palavras.
A neurocientista Claudia Aguirre, que mora na Califórnia, diz que “mais e mais pesquisas sustentam a ideia de que escrever letras em cursivo, especialmente em comparação com digitar, ativa caminhos neurais específicos que facilitam e otimizam o aprendizado e o desenvolvimento da linguagem”.
Em meio a tais considerações, a especialista Kelsey Voltz-Poremba destaca a importância de equilibrar habilidades adquiridas sem depender excessivamente da tecnologia.
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