Desejos e necessidades: um gatilho perigoso

Cesar Augusto Cavazzola Junior

A modernidade vendeu um projeto de progresso. Uma série de mudanças na história, sobretudo na primeira metade do século XX, fruto do industrialismo e dos conflitos bélicos que assolaram a humanidade, fizeram surgir espaços para uma série de doutrinas de cunho socialista, influenciadas pelo pensamento marxista e pelo comunismo.[1]

Para se ter uma ideia de como este fenômeno é atuante nos dias atuais[2], a declaração do Gorbachev sobre a morte do comunismo representou, para muitos, o fim do movimento, fato que simbolizou uma ruptura do debate ideológico travado na Guerra Fria e um alívio imediato para aquela geração amedrontada com a possibilidade de eclodir uma nova guerra mundial. Contudo, a aparente “morte” do comunismo não passou de uma tática para que se pudesse alastrar as suas ideias pelo mundo ocidental.[3]

No livro “A Arte da Guerra”, uma das táticas propostas é se fazer invisível para que possa atacar o adversário e destruí-lo sobre todas as frentes. Ou seja, apresenta-se uma aparente ideia de fim, que as armas foram baixadas, que não há mais qualquer projeto de poder, para que o outro lado seja induzido a acreditar que a guerra foi vencida. No momento em que se trava uma disputa, seja no campo militar, seja em qualquer situação cotidiana, o silêncio e a saída do oponente é, para muitos, um símbolo da vitória. Neste momento, a comemoração induz a baixar a guarda e, consequentemente, todo cuidado e atenção que havia sido dirigido ao combate acaba esfriando os ânimos.[4]

O comunismo apresenta as suas raízes no pensamento marxista, este que tem como um dos seus pilares a síntese nos trabalhos de Hegel, tornando a filosofia uma estrada com apenas duas saídas: bem ou mal, justo ou injusto, certo ou errado, verdade ou mentira, preto ou branco.[5]

No final do livro “Manifesto do Partido Comunista”, Karl Marx[6] faz um convite à união dos proletários na luta contra os capitalistas: “Trabalhadores, uni-vos”.[7] A união dos trabalhadores contra o regime capitalista, contudo, não aconteceu. A Primeira Guerra Mundial uniu os trabalhadores, só que numa luta contra outros trabalhadores. Assim também aconteceu na Segunda Guerra Mundial. Em ambos eventos, os trabalhadores foram alienados pelos seus próprios líderes, conduzindo-os a uma mazela ainda pior. Um alienado, de acordo com a reflexão de Marx, é aquele que renunciou aos seus direitos de classe para dá-los a outra pessoa.

Karl Marx entendia que havia um fator cultural que alienava o povo. Contudo, nos seus trabalhos, não conseguiu encontrar uma solução para o problema que havia acontecido.

Foi quando Antonio Gramsci entrou em ação com uma nova proposta de propagação do comunismo pelo mundo. Gramsci foi um dos fundadores do Partido Comunista italiano e, dentre as figuras responsáveis pela formação do partido, talvez uma das figuras mais pensantes. Em visita à União Soviética na década de 1920, percebeu que o comunismo não poderia ser aplicado no ocidente nos mesmos moldes que Stálin colocou em prática, que foi, em síntese, com violência, repressão, milhões de mortes e controlado por um único partido.[8]

Para Gramsci, o comunismo deveria destruir a cultura ocidental[9] e, para que isso pudesse acontecer, deveria ser realizado um projeto de poder e dominação de forma lenta e gradual, anonimamente[10]. O modo que isso seria implementado no ocidente seria através d a tomada das instituições culturais, sobretudo no ensino, e formando a consciência[11] das gerações futuras.[12]

Então chegamos aos dias de hoje…

Nossas instituições foram surrupiadas. Militantes foram penetrando como cupins, já não dando outra alternativa a não ser jogar a madeira podre fora e recomeçar o trabalho. Félix Maier, em artigo, tratou muito bem o assunto:

A imprensa tem o dom de trazer à baila, de tempos em tempos, os mesmos assuntos de sempre, em datas criteriosamente escolhidas. Com este tipo de propaganda maciça e contínua, os jornais e as revistas esperam conquistar corações e mentes, especialmente dos mais jovens, que não presenciaram os ‘anos de dinamite’ dos 60 e 70. Pela eterna repetição dos assuntos, sob o enfoque dualista de sempre, como convém à doutrinação marxista, aos poucos parece que a sociedade brasileira está se acostumando a comer gato por lebre, lambendo os beiços com satisfação, pedindo até repetição do prato. A verdade histórica, assim, está se tornando mentira, a mentira um dogma. [13]

A partir dessas ideologias sociais, que ganharam vozes com grupos de artistas e intelectuais, fascinados com as “promessas” de melhoria das condições de vida como um todo, promoveram conflitos ideológicos sobre os quais até hoje são debatidos, sobretudo pela formação de polos completamente opostos entre “esquerda” e “direita”. Assim como o modernismo, foi outra falsa promessa de progresso, afinal, o que é a ideologia senão colorir a realidade?[14]

A sociedade atual está diante de um momento no qual a revolução cultural está impregnada nas instituições, sobretudo nas culturais, e inserida de modo em que é difícil percebe-la. Trata-se de um projeto de construção intelectual e comportamental.[15]

A doutrina de Gramsci consiste na inversão do processo revolucionário, abraçada pela população quando acontecer, dominando instituições em todas as esferas, para que assim desconheçam uma coordenação central, sentindo-se pressionados a pensar de acordo com o grupo, constrangidas quando agirem de forma contrária. A mudança, sob tal perspectiva, começa no interior do indivíduo: trata-se de um processo de modificação do senso comum ao ponto em que as pessoas perdem a noção do que é certo ou errado, sobretudo do ponto de vista ético e moral.

Sob a lógica burguesa, há diferença entre o certo e errado, do ponto de vista ético e moral, sobretudo pelo fato de que a vida em sociedade está atrelada ao eixo familiar a que se compõe. Para o marxismo ser compreendido, contudo, é preciso ignorar a verdade que determine um modo certo de agir. Para isso, não é necessário ter uma opinião clara sob qualquer tema: se algo ajuda na revolução é certo e são favoráveis; quando não ajuda, abominam e transformam o pensamento num ato de imposição e barbárie. É o marxismo um sistema racional versátil, revolucionário e dialético.[16]

Veja um exemplo atual abaixo. A Venezuela passa por uma grave crise econômica sob o regime de Nicolas Maduro. Numa tentativa de acabar com o Poder Legislativo, retrocedeu por conta da pressão internacional. No entanto, os esquerdistas jamais vão culpar sua ideologia, sempre apontando o culpado por deturpar “o verdadeiro socialismo”:

Alguns insistem no apoio da “causa revolucionária”:

Mas, independentemente da causa, o que escapa aos olhos de muitos é que a população sofre por conta da ideologia:

Saul Alinsky, outro gênio do mal, que teve como pupilos diretos Hillary Clinton e Barack Obama[17], deixou no seu trabalho “Regras para Radicais” um manual de perversões que até hoje são propagadas como vírus em todos os meios. Se você pensa que isso é um exagero, vejamos a dedicatória do livro nas primeiras edições:

Devemos olhar para o passado e dar algum crédito ao primeiro verdadeiro radical.

De todas as nossas lendas, mitologias e histórias (e quem sabe onde a mitologia termina e a história começa — ou mesmo, qual é o que?), o Primeiríssimo Radical conhecido pelo homem que se rebelou contra o sistema o fez de forma tão eficaz que pelo menos conseguiu seu próprio reino — Lúcifer.

O que se pode pensar de um homem que dedicou seu trabalho a Lúcifer?

A desinformação sempre foi uma arma estratégica para Alinsky, para que os objetivos finais deveriam ser sempre escondidos do público, maquiando as suas reais intenções, porque trata-se do único meio de ninguém se opor ou mesmo de comprar a ideia, informando apenas o necessário para que elas ajudem.  É o niilismo político em pessoa: para ele, todos os meios para tomar o poder são lícitos, mesmo a destruição dos oponentes, desde que a causa revolucionária avance. Não são poucos os “assassinatos de reputação” que vemos diariamente.

Para isso, a linguagem é instrumento imprescindível: você nunca vai falar em “governo comunista”, mas em “governo igualitário”; nunca falará em “aumento de impostos”, mas em “justiça social”. Disse um líder dos Black Blocks: “Não sabemos por qual motivo lutamos, mas queremos destruir alguma coisa”. Hillary, fiel discípula, escreveu a tese “Existe apenas uma luta…Uma análise do modelo Alinsky”.

Assim, criam-se uma série de seguidores especialistas em trapacear, mentir, enganar, roubar, e cometer todo o tipo de crime em função da causa revolucionária.[18]

Deus é onipotência, onipresença e onisciência, o desejo atual de todo Estado, tendo no marxismo político uma religião política, que propaga a crença do paraíso terreno, no discurso de transformar o mundo no que “deveria ser”, e não no que de fato “é”.

Líderes lunáticos e soberbos, colocando-se no lugar de deuses, criando o sentimento de desilusão, querendo uma mudança geral na sociedade. Para estes, a política é um jogo de soma zero: se alguém tem, é porque roubou de mim. Para tais perfis, na guerra vale tudo, dando contornos morais para a sua luta, fazendo uso de termos gerais como liberdade, igualdade, justiça, paz mundial.

Sem contar com as consequências geradas à humanidade com o surto de guerras e epidemias no século XX, lembrando também que, “ao tentar acabar com a exploração do homem pelo homem, o socialismo multiplicou-a indefinidamente”.[19]


[1] Sobre a questão do totalitarismo, vale destacar a importância da leitura de Louis Dumont sobre o tema. Para isso, ver: DUMONT, Louis. Ensaios sobre o individualismo: uma perspectiva antropológica sobre a ideologia moderna. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992. p.151-180.

[2] Nelson Rodrigues: Outro dia, na casa do Otto Lara Resende, suspirava o poeta Vinicius: “A solução é a burrice”. E ele era socialista por isso mesmo, porque o socialismo é burro. Estavam lá o anfitrião, Otto, o Hélio Pellegrino, eu e não sei mais quem. Ninguém protestou. No fundo, todos, ali, pareciam achar que o bom no socialismo não é a justiça, não é a paz, nem os bons sentimentos – é a burrice. RODRIGUES, Nelson. Memórias: A Menina sem Estrela. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2015, p. 256.

[3] Basta, para isso, como exemplo, verificar um dos trabalhos do Prof. Ovídio, para o qual: “Depois do comunismo, agora a grande ameaça é o consumismo. Pois bem, o comunismo foi facilmente derrotado, porém como derrotar o consumismo, que é a alma, o élan vital do capitalismo?” SILVA, Ovídio A. Baptista da. Processo Civil, Individualismo e Democracia. In: Processo e Ideologia: o Paradigma Racionalista. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 298.

[4] “Toda campanha militar repousa na dissimulação. Finge desordem. Jamais deixes de oferecer um engodo ao inimigo, para ludibriá-lo. Simula inferioridade para encorajar sua arrogância. Atiça sua raiva para melhor mergulhá-lo na confusão. Sua cobiça o arremeterá contra ti e, então, ele se estilhaçará.” (p. 14)

“A força militar baseia-se na dissimulação. Movimenta-te quando estiveres em posição vantajosa, e provoca mudanças na situação, dispersando ou concentrando as forças. Há ocasiões em que deves manter-te calmo, em que reinará em teu acampamento uma tranquilidade semelhante à do interior das mais espessas florestas. Ao contrário, quando precisares fazer movimentos e barulho, imita o fragor do trovão. Se for preciso ficar firme em teu posto, fica imóvel como uma montanha. Se tiveres que sair para pilhar, age rápido como o fogo. Se for preciso ofuscar o inimigo, sê como o relâmpago. Se for preciso esconder teus projetos, sê obscuro como as trevas. Evita movimentos inúteis. Quando decidires enviar algum destacamento, que seja sempre na esperança, ou melhor, na certeza de uma vantagem real. Para evitar os descontentamentos, reparte sempre, de forma meticulosa e justa, todos os despojos.” (p. 39) SUN TZU. A Arte da Guerra. Traduzido do chinês para o francês pelo Padre Amiot (1772) e traduzido do francês por Sueli Barros Cassal. Porto Alegre: L&PM, 2006.

[5] Para uma análise dos equívocos que isso tem gerado hoje, basta verificar qualquer trabalho jornalístico da grande mídia atual – talvez a maioria, apenas.

[6] [Nelson Rodrigues] Arquejei: “Como é, Pinheiro? Tudo azul?” E sorria para o companheiro. Ele fez perguntas, que vou respondendo. Pinheiro curva-se para mim: “Nelson, escuta. Se você tivesse de morrer, quais seriam as suas últimas palavras?” Suspense. Começo: “Minhas últimas palavras?” E Pinheiro: “Vamos fazer de conta. Suas últimas palavras.” Digo: “Põe aí. Mas publica mesmo, ouviu?” Ele jurou que publicava. Então direi: “Que boa besta é o Carlos Marx!” RODRIGUES, Nelson. Memórias: A Menina sem Estrela. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2015, p. 82.

[7] Trata-se de um trabalho repleto de equívocos. Talvez umas das mentes mais perversas da história da humanidade. MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. Porto Alegre: L&PM, 2001.

[8] Trata-se de fundamentos adquiridos a partir de uma série de documentários assistidos e pesquisa de uma série de realizadas na imprensa paralela. No entrando, é válido a consulta do site www.portalconservador.org, que apresenta uma série de relatórios e fatos que dão força argumentativa para o assunto. Além disso, outra importante fonte é o site www.midiasemmascara.org. Dois documentários que abordam muito bem o assunto são os seguintes: “Agenda”, de Curtis Bowers, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=C85thxEdAW8, e “A Subversão nos Países-alvo da Extinta URSS”, palestra de Yuri Bezmenov disponível em https://www.youtube.com/watch?v=iK4kZSU-5Cg.

[9] Para compreensão do assunto, pode ser consultado o livro “O Comunismo Nu”, de Cleon Skousen. Lá estão evidentes as 45 metas comunistas delineadas a partir de 1958. Para consulta: SKOUSEN, W. Cleon. The Naked Communist. C&J Investments, 2007. Versão online disponível em: < http://tekiah.co.za/e-books/the-naked-communist-w-cleon-skousen.pdf>, acesso em 10/01/2015.

[10] Para maiores detalhes, consultar: A revolução cultural e interculturalismo: homenagem a Gramsci. In: BERNARDIN, Pascal. Maquiavel Pedagogo – ou o ministério da reforma psicológica. Tradução de Alexandre Müller Ribeiro. Campinas, SP: Vide Editorial, 2013.

[11] MAIER, Félix. Annus Gramscii. In: Termuna. Publicado em 17/03/2002. Disponível em: < http://www.olavodecarvalho.org/convidados/0135.htm>. Acesso em: 10/03/2014.

[12] Afirma-se que Gramsci produziu cerca de duas mil páginas apresentando metodologicamente o que deveria ser realizado no mundo ocidental para implementação do comunismo. In: Agenda. Documentário de Curtis Bowers. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=C85thxEdAW8>. Acesso em 10/01/2015.

[13] Algumas das provas levantadas pelo site “Escola sem Partido” pode ser encontradas em: http://www.escolasempartido.org/images/provas.pdf. Acesso em 08/07/2016.

[14] “Entre os gregos, uma imaginação mitológica muito rica, desenvolvida no contato direto com a natureza e com as experiências da vida e da guerra, forneceu uma imagem desta ligação entre a natureza do país e as pessoas. Essas condições testemunharam o nascimento de uma tradição literária e, mais tarde, de reflexões filosóficas pela busca dos conceitos gerais, dos conteúdos essenciais e dos critérios de valores. A herança grega é fascinante devido à sua riqueza e individualidade, mas acima de tudo devido à sua natureza primária. Nossa civilização, contudo, poderia ter sido melhor servida se os gregos tivessem feito um uso mais amplo das conquistas de outras civilizações.

   “Roma era muito vital e prática para refletir profundamente sobre os pensamentos gregos, dos quais tinha se apropriado. Nesta civilização imperial, as necessidades administrativas e os desenvolvimentos jurídicos impuseram prioridades concretas. Para os romanos, o papel da filosofia era mais didático, útil para auxiliar o desenvolvimento do processo de pensamento que posteriormente seria utilizado para o despacho nas funções administrativas e no exercício das opções políticas. Essa influência grega de reflexão suavizou os hábitos romanos, que tiveram um efeito saudável no desenvolvimento do império.

   “Contudo, em qualquer civilização imperial, os problemas complexos envolvendo a natureza humana são fatores preocupantes e complicadores das leis que regulam os assuntos públicos e as funções administrativas. Isso causou uma tendência ao desprezo por tais assuntos e ao desenvolvimento de um conceito de personalidade humana simplificado o suficiente para servir aos propósitos da lei. Os cidadãos romanos podiam atingir os seus objetivos e desenvolver suas atitudes pessoais dentro de um sistema determinado pelo destino e pelos princípios legais, o que caracterizava a situação de um indivíduo com base em premissas que tinham pouco a ver com características psicológicas reais. A vida espiritual das pessoas que não tinham o direito à cidadania não era um assunto apropriado para estudos mais sérios. Por isso, a psicologia cognitiva permaneceu estéril, uma condição que sempre produziu recessão moral em ambos os níveis, público e individual.

   “O Cristianismo teve ligações mais fortes com as culturas antigas do continente asiático, incluindo as reflexões filosóficas e psicológicas. Isso foi, é claro, um fator dinâmico que o tornou mais atrativo, mas não foi o mais importante. A observação e o entendimento sobre as transformações aparentes que a fé causava nas personalidades humanas criou uma escola psicológica de pensamento e arte da parte dos primeiros fiéis. Esta nova relação com outra pessoa, isto é, com o próximo, caracterizada pelo entendimento, perdão e amor abriu a porta para uma experiência psicológica que, muitas vezes apoiada por um fenômeno carismático, produziu frutos abundantes durante os primeiros três séculos depois de Cristo.

   “Um observador daquele tempo deve ter esperado que o Cristianismo ajudasse a desenvolver a arte do entendimento humano em um nível mais alto que o de outras culturas ou religiões e também que tal conhecimento protegesse as gerações futuras dos perigos do pensamento especulativo divorciado da realidade psicológica profunda, a qual somente pode ser compreendida através do respeito sincero por outro ser humano.

   “A História, contudo, não confirmou tais expectativas. Os sintomas de decadência na sensibilidade e na compreensão psicológica, assim como a tendência do Império Romano de impor padrões extrínsecos sobre os seres humanos, podem ser observados desde 350 d.C. Durante as eras posteriores, o Cristianismo passou por todas as dificuldades que resultaram da falta de conhecimento psicológico da realidade. Estudos exaustivos das razões históricas para a supressão do desenvolvimento da cognição humana na nossa civilização seriam um esforço extremamente útil. LOBACZEWSKI, Andrew. Ponerologia: psicopatas no poder. Tradução de Adelice Godoy; Prefácio de Olavo de Carvalho. [S.l.]: Vide Editorial, 2014. Disponível em: <http://minhateca.com.br/Rita.Viviane/Livros+em+PDF/Ponerologia_+Psicopatas+no+Pode+-+Andrew+Lobaczewski,154690689.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2015. p. 24-25.

[15] Um dos trabalhos nos quais possui como referência uma série de documentos lançados e decididos não só em órgãos ministeriais, como também por organizações internacionais, e que estão sendo propagados descaradamente em todos os ambientes, sobretudo culturais, pode ser encontrado no livro “Maquiavel pedagogo”, de Bernardin Pascal. Entre as ideias expostas, pode-se destacar as seguintes:

   “A nova ética não é outra coisa senão uma sofisticada reapresentação da utopia comunista.” (p. 9).

   “A partir de uma mudança de valores, de uma modificação das atitudes e dos comportamentos, bem como de uma manipulação da cultura, pretende-se levar a cabo a revolução psicológica e, ulteriormente, a revolução social”. (p. 9)

   “Ademais, o nível escolar continuará decaindo, o que aliás não surpreende, já que o papel da escola foi redefinido e que sua missão principal não consiste mais na formação intelectual, e sim na formação social das crianças; já que não se pretende fornecer a elas ferramentas para a autonomia intelectual, mas antes se lhes deseja impor, sub-repticiamente, valores atitudes e comportamentos por meio de técnicas de manipulação psicológica. Com toda nitidez, vai-se desenhando uma ditadura psicopedagógica”. (p. 12)

   “Consciência mundial: a emergência da educação mundial e da educação para o desenvolvimento. Presentemente, no norte como no sul, os educadores começam a reconhecer a necessidade de considerar a educação numa perspectiva mais mundial. Os programas de educação para o desenvolvimento e de educação mundial contribuem para inculcar nos alunos uma atitude mundialista, ensinando- lhes principalmente a reconhecer e a evitar os preconceitos culturais e a encarar com tolerância as diferenças étnicas e nacionais. Esses programas se esforçam por vincular os grandes problemas às realidades de caráter mundial, principalmente as questões concernentes ao meio ambiente, à paz e à segurança, à dívida internacional, às medidas contra a pobreza, etc., em todos os conteúdos específicos da educação fundamental”. BERNARDIN, Pascal. Maquiavel pedagogo: ou o ministério da reforma psicológica. Tradução de Alexandre Müller Ribeiro. Campinas, SP: Vide Editorial, 2013. p. 70.

[16] Para Pascal Bernardin: “A nova ética não é outra coisa senão uma sofisticada reapresentação da utopia comunista. O estudo dos documentos em que tal ética está definida não deixa margem a qualquer dúvida: sob o manto da ética, e sustentada por uma retórica e por uma dialética frequentemente notáveis, encontra-se a ideologia comunista, da qual apenas a aparência e os modos de ação foram modificados. A partir de uma mudança de valores, de uma modificação das atitudes e dos comportamentos, bem como de uma manipulação da cultura, pretende-se levar a cabo a revolução psicológica e, ulteriormente, a revolução social. Essa nova ética faz hoje parte dos programas escolares da França, e é obrigatoriamente ensinada em todos os níveis do sistema educacional”. BERNARDIN, Pascal. Maquiavel pedagogo: ou o ministério da reforma psicológica. Tradução de Alexandre Müller Ribeiro. Campinas, SP: Vide Editorial, 2013. p. 9-10.

[17] Não são poucos os trabalhos que confirmam tal referência. Para citar um deles: CLARK, Will. Obama, Hillary, Saul Alinsky and their useful idiots.

[18] “MUITAS VEZES O LEITOR JÁ DEVE TER-SE PERGUNTADO como é possível que tantas pessoas, aparentemente racionais, amem e aplaudam os governos mais perversos e genocidas do mundo e se recusem a enxergar a liberdade e o respeito de que elas próprias desfrutam nas democracias ocidentais, ao mesmo tempo que continuam acreditando, contra todas as evidências, que são moral e intelectualmente superiores aos que não seguem o seu exemplo.

“Hoje em dia essas pessoas, no Brasil, são a parcela dominante no governo, no Parlamento, nas cátedras universitárias, no show business e na mídia. A presença delas nesses altos postos garante a este país setenta mil homicídios por ano, o crescimento recorde do consumo de drogas, o aumento da corrupção até a escala do indescritível, cinquenta por cento de analfabetos funcionais entre os diplomados das universidades e, anualmente, os últimos lugares para os alunos dos nossos cursos secundários em todos os testes internacionais, abaixo dos estudantes de Uganda, do Paraguai e da Serra Leoa. Sem contar, é claro, indícios menos quantificáveis, mas nem por isso menos visíveis, da deterioração de todas as relações humanas, rebaixadas ao nível do oportunismo cínico e da obscenidade, quando não da animalidade pura e simples”. CARVALHO, Olavo de. Prefácio. In: LOBACZEWSKI, Andrew. Ponerologia: psicopatas no poder. Tradução de Adelice Godoy; Prefácio de Olavo de Carvalho. [S.l.]: Vide Editorial, 2014. Disponível em: <http://minhateca.com.br/Rita.Viviane/Livros+em+PDF/Ponerologia_+Psicopatas+no+Pode+-+Andrew+Lobaczewski,154690689.pdf>. Acesso em: 09 jan. 2017. p. 6.

[18] Sobre a questão do totalitarismo, vale destacar a importância da leitura de Louis Dumont sobre o tema. Para isso, ver: DUMONT, Louis. Ensaios sobre o individualismo: uma perspectiva antropológica sobre a ideologia moderna. Tradução de Miguel Serras Pereira. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992. p.151-180.

[19] LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1994. p. 13. Ainda, acaba dando suporte em desfavor à falácia promovida pelas “ideologias do progresso”, para quem: “Ao tentar desviar a exploração do homem pelo homem para uma exploração da natureza pelo homem, o capitalismo multiplicou indefinidamente as duas. O recalcado retorna e retorna em dobro: as multidões que deveriam ser salvas da morte caem aos milhões na miséria; as naturezas que deveriam ser dominadas de forma absoluta nos dominam de forma igualmente global, ameaçando a todos. Estranha dialética esta que faz do escravo dominado o mestre e dono do homem, e que subitamente nos informa que inventamos os ecocídios e ao mesmo tempo as fomes em larga escala”. LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1994. p. 13.

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